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Revista Lusófona de Educação

versão impressa ISSN 1645-7250

Rev. Lusófona de Educação  n.16 Lisboa  2010

 

Imagens do quotidiano escolar: uma análise das fotografias de práticas escolares publicadas no Relatório Intendencial de 1928, do governo de Augusto Simões Lopes (1924-1298)

 

Maria Augusta Martiarena de Oliveira *, Elomar Tambara*& Giana Lange do Amaral*,

*Faculdade de Educação, Universidade Federal de Pelotas,

Pesquisadores do Centro de Estudos e Investigações em História da Educação - CEIHE, Brasil

tambara@ufpel.edu.br

martiarena.augusta@gmail.com

giana@ufpel.edu.br

 

RESUMO

O presente artigo realizou a análise das fotografias de temática do quotidiano escolar, produzidas no governo de Augusto Simões Lopes, intendente municipal da cidade de Pelotas, Brasil, durante os anos de 1924 e 1928. Para a realização desta pesquisa foram utilizados o Relatório Intendencial de 1928, jornais da época, como o Diário Popular, o Libertador e a Opinião Pública, o Almanach de Pelotas e a Revista Illustração Pelotense. Como referencial teóricometodológico, utilizou-se a Nova História Cultural, além de buscar pesquisadores que utilizam imagens em seus trabalhos, como Borges, Leite e Ciavatta. Através da análise das fontes, conclui-se que as imagens foram uma forma de propaganda governista, utilizada pelo então intendente, embora de forma complementar às imagens de prédios escolares, além disso, a análise permite o conhecimento de práticas escolares e formas de assistência aos alunos na década de 1920.

Palavras-Chave: República, relatórios, educação, propaganda.

 

Images of the School Daily: an analysis of the school practices published in the Intendential Report of 1928, by the Augusto Simões Lopes government (1924-1928)

ABSTRACT

This article realize about the analysis of the photographs of the school daily thematic, produced by the Augusto Simões Lopes government, mayor of the Pelotas city, Brazil, between 1924 and 1928. To realize this research we have been used the Intendential Report of 1928, magazines, like the journal Diário Popular, o Libertador and a Opinião Pública, the Almanach de Pelotas and the revue Illustração Pelotense. We used as theory and ethodological base the New Cultural History, in addition, seeking researchers that use images in their work like Borges, Leite and Ciavatta. Trough the analysis from the resources, we realize that the images have been used as a form of the government publicity, used by the mayor, as a complementary form to the scholar’s buildings images. Whatever, this analysis is a way to the knowledge of the scholar practices and student assistance in the 1920’.

Keywords: republic; photograph; reports; education; publicity.

 

Introdução

Augusto Simões Lopes foi intendente municipal de Pelotas, entre os anos de 1924 e 1928, pelo Partido Republicano Rio-Grandense. Durante seu governo foi produzido um conjunto considerável de fotografias com a temática educação, entre as quais se encontravam fotografias de prédios e de práticas escolares. Tais imagens eram publicadas nos Relatórios Intendenciais e na imprensa, notadamente republicana, especialmente no jornal Diário Popular e no Almanach de Pelotas.

No presente artigo, realizou-se a análise do conjunto de imagens relativas às praticas escolares. Esse grupo de imagens é constituído por quatro fotografias: a do grupo de Escoteiros Municipais, a do gabinete dentário, a da distribuição do Cópo de Leite e a de uma aula de trabalhos manuais. Todas as fotografias foram extraídas do Relatório Intendencial de 1928.

Para compreender o contexto da produção das referidas imagens, inicia-se fazendo uma breve apresentação do papel da documentação fotográfica do governo Simões Lopes. E, finalmente, realiza-se a análise das fotografias de práticas escolares.

Imagens do Ensino: a documentação fotográfica do governo de Augusto Simões Lopes

Ao vislumbrar as imagens produzidas durante o governo de Augusto Simões Lopes, percebe-se um diferencial que as permeia: esse intendente foi um inovador, em Pelotas, no sentido em que utilizou fotografias como forma de propaganda das obras que caracterizavam o desenvolvimento da educação em seu governo. Fotografias já haviam sido utilizadas em governos anteriores, porém com o intuito de mostrar modificações, melhoramentos, com relação à urbanização da cidade, como por exemplo, construções de avenidas, etc. Essas imagens eram uma narrativa de mudanças ocorridas na cidade. Augusto Simões Lopes, ao contrário, partiu da fotografia de um tema muito discutido na imprensa da década de 1920: a educação, o que acabou por elevá-lo, de acordo com o jornal Diário Popular, a benemérito da educação em Pelotas. Deve-se ter em conta que muitas das apresentações dessas imagens são padrões fotográficos daquele período (aparecem em fotos produzidas bem longe daqui e de outros lugares) e o que realmente mostra-se singular foi o uso dado à fotografia pelo intendente. Se a foto não é inocente, é, por outro lado, bem flexível. De acordo com Borges (2003):

Hoje não mais se duvida da natureza polissêmica da imagem, da variabilidade de sentidos de suas formas de produção, emissão e recepção. Sabe-se que uma imagem visual é uma forma simbólica cujo significado não existe per si, quer dizer, ´´lá dentro`` como coisa dada que pré-existe ao olhar, a intenção de quem o produz``. Vista sob essa ótica, ela deixa de ser espelho ou a duplicação do real, como queriam os historiadores da historiografia metódica. Apresenta-se como uma linguagem que não é nem verdadeira nem falsa. Seus discursos sinalizam lógicas diferenciadas de organização do pensamento, de ordenação dos espaços sociais e de medição dos tempos culturais. Constituem modosespecíficos de articular tradição e modernidade. Por isso, sabe-se que uma dada imagem é uma representação do mundo que varia de acordo com os códigos culturais de quem a produz (p.80).

Anualmente, nos Relatórios Intendenciais do governo de Augusto Simões Lopes, eram apresentadas diversas fotografias dos melhoramentos municipais, sendo que dessas o grupo das imagens referentes à educação destacou-se. Essas imagens oficiais produzidas para servir de ilustração/comprovação nos Relatórios eram difundidas, como mencionado anteriormente, na imprensa republicana, ou seja, no Almanach de Pelotas, no jornal Diário Popular e, com menor freqüência, na Revista Illustração Pelotense. Tem-se apenas uma das fotografias de escolas publicadas nessa Revista, o que pode ser explicado facilmente, pois o seu funcionamento foi até o ano de 1926, quando a maior parte das fotografias ainda não havia sido produzida. O fato das fotografias serem publicadas na imprensa faz com que se acredite que elas atingiam um público mais amplo, não ficando restritas aos prováveis leitores dos Relatórios Intendenciais, que chegavam ao público apenas no mês de setembro (embora fossem publicados de forma resumida e sem as imagens, no Diário Popular). O Almanach de Pelotas, por exemplo, teve a seção de imagens Melhoramentos Municipais, ampliada sensivelmente. Nas suas publicações anteriores a 1924, essa seção era restrita e grande parte das fotografias apresentadas no periódico referiam- se a instituições particulares. Durante o governo Simões Lopes, as fotografias oficiais foram tão divulgadas que acabaram, muitas vezes, por tomar todo o espaço dedicado a fotografias do Almanach de Pelotas.

A imagem, para o expectador comum, mostrava-se convincente. Augusto Simões Lopes seria o benfeitor, o benemérito da educação. De acordo com Ciavatta:

A imagem fotográfica, segundo a concepção oitocentista, era assimilada a partir da crença de que as fotografias não passavam de janelas que se abriam para o mundo lá fora, expondo-o de maneira mais fidedigna possível. Portanto, tudo o que era visto era recebido como tal. O relato histórico ganhava, assim, a força comprobatória da verdade fotográfica (Ciavatta, 2002, p.7).

Porém, para um historiador, que lança um olhar crítico sobre a imagem, as fotografias apresentam características que demonstram a sua construção ideológica, como por exemplo, uma fotografia posada ou a escolha de um ângulo que acarrete monumentalidade a uma escola. Além disso, muitas vezes diferentes legendas de uma mesma imagem ou matérias que as complementem podem abrir espaço para uma interpretação mais próxima da realidade, desvendando os meandros envolvidos na criação de determinadas fotografias, visto que elas são representações. Segundo Ciavatta (2002), as representações do mundo social, embora aspirem à universalidade, são sempre determinadas pelos interesses dos grupos que as geram.

O que torna, portanto, o grupo de fotografias do governo Simões Lopes singular, como já foi dito, é a sua característica de ter sido criado especialmente para servir como forma de propaganda governista. Diferenciando-se dos anteriores que, como Cypriano Barcellos, mostraram mais imagens relacionadas à urbanização, Augusto Simões Lopes selecionou a instrucção como o ponto fundamental de sua gestão, principalmente o ensino primário, e eternizou e difundiu a sua obra educacional através da imprensa. A sociedade vivia um período de entusiasmo pela educação, o que foi, de certa forma, um recorte do movimento higienista que há muito se desenvolvia no estado. De acordo com Soares:

El higienismo tomó impulso en Brasil, sobretodo después del final de la monarquía y la proclamación de la República (1889), que representó el triunfo de los postulados positivistas de orden y progreso y abrió espacios para penetración social de las ideas higienistas. La repercusión fue mayor en los centros industriales, y en las ciudades portuarias y en las capitales de los estados (Soares, 2000).

Ao se utilizarem fotografias, deve-se trabalhar com as questões que envolvem a representação, pois a imagem é uma representação do real. Para Pesavento (2003), as representações construídas sobre o mundo não só se colocam no lugar desse mundo, como fazem com que os homens percebam a realidade e pautem a sua existência. Segundo a autora, elas são matrizes geradoras de condutas e práticas sociais, dotadas de força integradora e coesiva, bem como explicativa do real. Indivíduos e grupos dão sentido ao mundo por meio das representações que constroem sobre a realidade. Ainda segundo essa autora:

Representar é, pois, fundamentalmente, estar no lugar de, é presentificação de um ausente; é um apresentar de novo, que dá a ver uma ausência. A idéia central é, pois, a da substituição, que coloca uma ausência e torna sensível uma presença (Pesavento, 2003, p.40).

E, também, ´´a representação envolve processos de percepção, identificação, reconhecimento, classificação, legitimação e exclusão``, (Pesavento, 2003, p.40). Além disso:

A representação é conceito ambíguo, pois na relação que se estabelece entre ausência e presença, a correspondência não é da ordem do mimético ou da transparência. A representação não é uma cópia do real, sua imagem perfeita, espécie de reflexo, mas uma construção feita a partir dele (Pesavento, 2003, p.40).

 

Fotografias do Relatório Intendencial de 1928

Não foi uma característica do governo Simões Lopes produzir fotografias de práticas escolares e de assistência ao aluno. Existe um conjunto muito grande de práticas escolares da Primeira República que poderiam gerar um material riquíssimo para a História da Educação, tais como inaugurações de escolas, inaugurações de retratos, festas cívicas, aulas de educação física. Esse tipo de documentação ficou restrito, principalmente, às próprias escolas, como é o caso do arquivo do Grupo Escolar Dr. Joaquim Assumpção. Infelizmente, várias delas não possuem mais acervos fotográficos da década de 1920, especialmente o Grupo Escolar D. Antonia, que deixou de ser uma escola.

Com base na observação do conjunto de imagens, acredita-se que retratar as práticas escolares não foi o foco principal da propaganda política de Augusto Si mões Lopes. Como se pode perceber, as fotografias de escolas constituem um grupo muito maior e estão presentes em quase todos os Relatórios (com exceção do de 1925). Além disso, na matéria de 1.º de setembro de 1928, nenhuma das imagens que aborda a temática quotidiano escolar foi apresentada. Elas foram utilizadas somente no Almanach de Pelotas de 1929, no qual foi feita uma retrospectiva do governo de Augusto Simões Lopes. Percebe-se, assim, que a construção de prédios escolares foi o ponto principal do governo desse intendente (no ano de 1927, o orçamento fixado para a 2.ª Directoria, de obras e saneamentos, era muito maior do que o fixado para a 5.ª Directoria, sendo que a construção das escolas cabia à primeira).

Mas, mesmo sendo os prédios escolares o centro da propaganda do governo municipal, as quatro fotografias da temática quotidiano escolar não deixam de ser representantes da ideologia difundida pelos intelectuais da década de 1920. A imagem do Grupo de Escoteiros Municipais representa as amplas discussões sobre a prática do escotismo e a sua relação com a higiene. A fotografia do gabinete dentário está também relacionada com a higiene e com a instalação da inspeção médico-dentária. A distribuição do Cópo de Leite é representante das formas de assistência ao aluno. E, por fim, tem-se a aula de trabalhos manuais, considerados pelos pensadores da educação, especialmente os da Escola Nova, como uma das disciplinas fundamentais da pedagogia moderna.

Toda essa modernidade, porém, encontrava-se permeada por intenções de ordem, disciplina e controle social. Segundo Nunes (1993), o anseio de disciplinar a pobreza no corpo, na mente, nos gestos e nos sentimentos tomou conta do debate e das propostas dos intelectuais e educadores na década de 1910 e das suas associações nas décadas de 1920 e 1930.

A fotografia do Grupo de Escoteiros Municipais (figura 01) apresenta um número bastante elevado de meninos, trajando os típicos uniformes de escoteiros, os quais formam várias fileiras, subindo as escadas que se dirigem à porta dos fundos do Grupo Escolar Dr. Joaquim Assumpção. Através de matéria do jornal a Opinião Pública, ficou claro que o núcleo central dos escoteiros de Pelotas situava-se nessa escola:

Ainda em virtude do máo tempo, a directoria da Instrucção Municipal transferiu para 15 de novembro proximo o acto de installação do núcleo central de escoteiros municipaes, a realizar-se na sede do Grupo Escolar Dr. Joaquim Assumpção, com a presença de todos os escoteiros pelotenses e patrocinado pelo illustre conterraneo dr. Fernando Luis Osorio e distinctas senhorinhas Laura Simões Lopes, rainha dos estudantes, Maria Gomes Pires, rainha dos empregados do Commercio, Mercedes Moreira Osorio e Lily Perret, (Opinião Pública, 24 de outubro de 1927).

Talvez o fato de ter um lugar definido como sede (Grupo Escolar Dr. Joaquim Assumpção) tenha sido o motivo de essa fotografia encontrar-se separada das outras do mesmo conjunto (Imagens do cotidiano escolar). A fotografia do Grupo de Escoteiros Municipais encontra-se entre duas imagens de escolas, enquanto as outras, iniciadas pela imagem do gabinete dentário, começam somente após o término das fotografias de prédios escolares.

 

Figura 1 - Grupo de Escoteiros Municipais

 

Nas primeiras fileiras, alguns dos meninos sentados no chão seguram tambores. Os alunos das fileiras laterais aparecem sentados ou em pé, nos bancos de madeira colocados dos dois lados. Os meninos são, em sua maioria, brancos, porém, verifica-se a presença de alguns negros. No binômio apresentado por Carvalho (1998): educação para o povo e educação para as elites, o ensino primário era aquele que abarcava as camadas populares. Segundo Augusto Simões Lopes, no Relatório Intendencial de 1927:

Generalizaremos, outrossim, o escotismo, escola de saúde e de energia, habilitando á formação no animo infantil das vantajosas influencias do autodeterminação - o self-control da pedagogia americana - qualidade matriz para o triunpho dos nossos agitados dias (Relatório Intendencial de 1927, p.218).

Além disso, o escotismo era considerado uma ´´medida complementar da educação physica e cívica`` (Almanach de Pelotas, 1929, p.70), pretendendo-se a sua generalização a todos os cursos. Sabe-se que existiam grupos de escoteiros em outras escolas municipais, como, por exemplo, na Escola Dr. Piratinino de Almeida, no Areal. Conforme matéria do jornal Diário Popular do dia 6 de maio de 1928, foi instalado o ´´primeiro núcleo de escoteiros daquelle povoado``, (Diário Popular, 6 de maio de 1928). Mesmo existindo esses outros grupos, o Joaquim Assumpção foi o espaço central (do ensino municipal), onde ocorriam as comemorações cívicas, inclusive as que envolviam os escoteiros, o que fica expresso em matéria do Diário Popular:

No dia 15 do corrente, assistiremos a um bello espectaculo cívico com a festa que será levada a effeito pelo collegio Dr. Joaquim Assumpção, o qual reunindo todos os nossos escoteiros, reviverá os grandes dias em que essa instituição estava no seu apogeu, ao influxo das palavras de enthusiasta como Rubens Weine e Fernando Osório (Diário Popular, 12 de outubro de 1927).

Deve-se dizer, também, que o escoteirismo não foi privilégio do ensino municipal. O Patronato Agrícola Visconde da Graça, vinculado ao governo federal, incluía em seu currículo ´´Instrucção Militar, Gymnastica Sueca e Escoteirismo``, (Diário Popular, 10 de abril de 1928). De acordo com matéria publicada no jornal Diário Popular:

Diariamente é ministrado aos menores instrucção militar, gymnastica sueca e praticado o escotismo. Em várias festas já o batalhão de escoteiros do Patronato tem recebido applausos do publico. Possue o batalhão banda de musica própria, composta de menores do Patronato (Diário Popular, 10 de abril de 1928).

A fotografia seguinte, do gabinete dentário ambulante (figura 2), provavelmente estava, também, situada no Grupo Escolar Dr. Joaquim Assumpção (ao se observarem as grandes janelas e o uniforme da estudante chega-se a essa conclusão). A imagem apresenta um panorama geral do local onde foi instalado o gabinete dentário ambulante. As duas pessoas presentes na imagem, a dentista (possivelmente Lea Bilkes Soibelmann atendesse a todos os alunos das escolas municipais) e a aluna (sentada na cadeira como se estivesse sendo atendida), possibilitam a percepção de que esta foi uma fotografia posada, cujo intuito era apresentar o material que constituía a inspeção médico-dentária, como, por exemplo, o instrumento para medir e pesar (à esquerda). Além disso, observa-se, sobre a escrivaninha, um tipo de fichário aberto contendo as fichas médicas individuais dos alunos, que, de acordo com o Diário Popular, servia para ´´registro dos exames clinico e anthropometrico dos alumnos`` (Diário Popular, 1º de setembro de 1928).

Em visita do Grupo Escolar Dr. Joaquim Assumpção, Octavio Roxo, inspetor escolar estadual, então responsável pelas escolas públicas de Pelotas, afirmou que o gabinete médico de que dispunha a escola era um requisito importantíssimo, fazendo-o sentir-se em uma escola da Suíça, onde havia encontrado amplamente aplicada tal medida de medicina social. Esse pode ter sido o motivo principal que levou a fotografia do gabinete dentário a ser realizada nessa escola. Sabe-se, porém, que, de acordo com o jornal Diário Popular, o gabinete dentário ambulante foi ´´adquirido na casa Krentel que mandou vir do Rio`` (Diário Popular, 15 de março de 1928). Logo, não significa que somente o Grupo Escolar Dr. Joaquim Assumpção possuísse assistência médico-dentária, mas deve ter sido o local onde isso se encontrava em melhores condições para ser apresentado ao público.

 

Figura 2 - Gabinete Dentário Ambulante

 

À imagem do gabinete dentário, segue-se a fotografia da distribuição do Cópo de Leite (figura 3). Nela vê-se retratado um grupo de crianças, estudantes de uma escola municipal em Pelotas, os quais se encontram todos uniformizados, cada um com seu copo de leite na mão, enquanto, em primeiro plano, uma menina, também uniformizada, recebe um copo de leite de uma funcionária negra. Nesta cena percebe-se, também, a presença da professora, que, ao lado dos alunos, segura um livro em suas mãos. Os alunos também seguem uma ordem, encontram-se em semicírculo, em torno da funcionária que entrega o copo de leite, formando várias fileiras, as quais sobem a escada chegando até a porta.

 

Figura 3 - Distribuição do Cópo de Leite, em uma escola municipal

 

Essa fotografia foi, evidentemente, posada, o que fica claro especialmente quando se observa a menina que recebe o copo de leite, olhando diretamente para o espectador (ou melhor, para o fotógrafo), parada, estendendo a mão para recebêlo. Além da menina, vários outros alunos e a própria professora dirigem o seu olhar para a câmera.

Essa forma de assistência ao aluno foi instaurada em Pelotas através do Regulamento da Instrucção, como uma medida complementar da educação hygienica, juntamente com o Pelotão da Saúde. De acordo com o jornal Diário Popular: ´´às crianças desnutridas será servido no presente anno, a taça de leite, como meio de corrigir e complementar a educação physica das mesmas, como ainda, para habitua-las ao consumo desse alimento de temperança`` (Diário Popular, 3 de janeiro de 1928). Os recursos para os fundos dessa assistência originavam-se, conforme a mesma matéria, de pequeno adicional sobre os impostos chamados de defesa social e que dizem respeito ao uso do fumo e do álcool.

A fotografia do Cópo de Leite foi tirada no pátio do Grupo Escolar Dr. Joaquim Assumpção, provavelmente, devido ao fato de aquele espaço, coberto pela presença dos alunos, demonstrar apenas que o local era uma escola, porém, não definindo a qual dos vários estabelecimentos de ensino municipal se referia.

De acordo com Leite (1993), em seu estudo de retratos de família, a observação do conjunto de fotografias permitiu algumas contribuições sobre a documentação fotográfica, sugerindo, por exemplo, que raramente a imagem prescinde do código escrito; as legendas freqüentemente são indispensáveis, podendo até transformar o conteúdo observado, ao mudar o foco e o entorno. Percebe-se, então, que, no Relatório Intendencial de 1928, a legenda para essa fotografia é: Distribuição do ´´Cópo de Leite`` em uma escola municipal. Já, no Almanach de Pelotas, Distribuição do ´´Cópo de Leite``, no Grupo Escolar Dr. Joaquim Assumpção. A diferença observada na legenda demonstra as diferentes formas como a presente fotografia se comporta no Relatório e no Almanach. O primeiro, documento oficial, perpetua na história política as marcas do governo benemérito. O segundo, mídia de sua época, teria o seu alcance, ainda que fossem muitos leitores, restrito ao seu tempo, que, em relação a um Relatório oficial, mostrava-se curto. Pode-se retomar, neste momento, a função de representação que a fotografia ocupa em ambas as mídias. De acordo com Pesavento:

Nesta medida, a força das representações se dá não pelo seu valor de verdade, ou seja, o da correspondência dos discursos e das imagens com o real, mesmo que a representação comporte a exibição de elementos evocadores e miméticos. Tal pressuposto explica eliminar do campo de análise a tradicional clivagem entre real e não-real, uma vez que a representação tem a capacidade de se substituir à realidade que representa, construindo o mundo paralelo de sinais no qual as pessoas vivem (Pesavento, 2003, p.41).

Para essa autora, a força da representação ocorre pela sua capacidade de mobilização e de produzir reconhecimento e legitimidade social, pois as representações inserem-se em regimes de verossimilhança e de credibilidade e não de veracidade. Aponta a autora que:

Decorre daí, portanto, a assertiva de Pierre Bourdieu, ao definir o real como um campo de forças para definir o que é o real. As representações apresentam múltiplas configurações, e pode-se dizer que o mundo é construído de forma contraditória e variada, pelos diferentes grupos do social. Aquele que tem o poder simbólico de dizer e fazer crer sobre o mundo tem o controle da vida social e expressa a supremacia conquistada em uma relação histórica de forças. Implica que esse grupo vai impor a sua maneira de dar a ver o mundo, de estabelecer classificações e divisões, de propor valores e normas, que orientam o gosto e a percepção, que definem limites, autorizam os comportamentos e os papeis sociais (Pesavento, 2003, p.42).

Augusto Simões Lopes soube utilizar muito bem a imagem do Grupo Escolar Dr. Joaquim Assumpção. Quando se mostrava interessante ostentar a sua grandiosidade arquitetônica, esse ponto era bastante explorado. Porém, quanto às instituições de assistência ao aluno, fazia-se, então, necessário, disfarçar a localização, para apresentar como algo que ocorria nas escolas municipais em geral, não estando situado apenas em uma escola. Apesar de não existir referência alguma de que a instituição do Cópo de Leite atendesse somente o Grupo Escolar Dr. Joaquim Assumpção, acredita- se que essa possa ser uma hipótese bastante provável, ao menos nos primeiros tempos que se seguiram à instalação desse tipo de assistência ao aluno.

O mesmo ocorre com a fotografia da aula de trabalhos manuais (figura 4), que apresenta legendas diferentes no Relatório e no Almanach. Tal qual a fotografia do Cópo de Leite, no Relatório Intendencial a informação de ser aquela uma aula no Grupo Escolar Dr. Joaquim Assumpção foi suprimida, constando apenas uma aula de trabalhos manuais. Embora essa disciplina estivesse presente em outras escolas, provavelmente as alunas não teriam os mesmos aparatos individuais e a abundância de materiais presente na imagem. Além disso, o espaço da sala de aula em outras escolas municipais que não o Grupo Escolar Dr. Joaquim Assumpção talvez não permitisse um número tão grande de alunas e nem possibilitasse condições financeiras para uma professora vestir-se tão elegantemente com base na moda da época.

 

Figura 4 - Uma aula de trabalhos manuais

 

Deve-se desconfiar dessa fotografia, do seu caráter de imagem posada, caráter presente em praticamente todas as imagens do conjunto. As alunas uniformizadas, concentradas em seu trabalho, enquanto, ao fundo, uma professora vestida elegantemente (o que pode ser percebido através dos adereços por ela utilizados, como o seu colar, e pelas suas roupas, semelhantes às de mulheres que eram retratadas para revistas da sociedade pelotense, da época) as observa. Além da professora, uma aluna uniformizada destaca-se, sentada diante de uma mesa na qual se encontrava a máquina de costurar. Essa aluna provavelmente fosse uma monitora, ou alguém de uma série mais adiantada. A fotografia foi tirada de um ângulo que permite quase que o total enquadramento das alunas. Ao redor, nas paredes da sala, mapas geográficos e pôsteres com explicações de ciências, signos da modernidade pedagógica. Modernidade que, possibilitada pela legenda do Relatório Intendencial, estaria presente em todas as escolas municipais.

Com o Regulamento da Instrucção, os trabalhos manuais hipoteticamente passaram a ser parte integrante do currículo das escolas (urbanas), sendo considerados, juntamente com o desenho ´´disciplinas da mais relevante magnitude vão influir, sobremaneira, na formação do espírito infantil, educando-lhe o senso artístico, disciplinando-o para os longos esforços pacientes`` (Relatório Intendencial de 1927, p. 219). Além disso, consistiriam em ´´uma phase embryonaria da instrucção profissional, por cuja disseminação tanto anseiam os povos modernos`` (Relatório Intendencial de 1927, p. 219). Mas, deve-se ter em conta, que a disciplina de trabalhos manuais é remanescente do período Imperial, não se constituindo, de modo algum, em uma inovação. Além disso, pode-se perceber que existe uma forte questão de gênero permeando essa disciplina. Acredita-se que era dedicada apenas para as meninas, não existindo uma disciplina correspondente para os meninos, como carpintaria, etc. Em existindo, provavelmente o grupo de fotografias do quotidiano escolar contaria com mais uma imagem. Pode-se dizer que para os meninos (e exclusivamente para eles) tinha-se a instituição do escotismo, da qual consta uma fotografia no Relatório de 1928.

De acordo com Corsetti (1997), os alunos das escolas públicas rio-grandenses originavam-se, de uma maneira geral, dos setores subalternos da sociedade e dos segmentos médios. Para eles, a instrução teve, como objetivo central, a preparação para o mundo do trabalho, no limite das condições sociais que os caracterizavam. Essa autora afirma que, no caminho do ensino técnico-profissional, a escola pública rio-grandense buscou preparar as crianças que a ela chegavam segundo a lógica do capital, fosse para o lar ou para o mundo do trabalho. Para ela: ´´As meninas foram instrumentalizadas nas obras próprias do ´´sexo``, através dos trabalhos manuais, enquanto os meninos eram orientados para profissões mecânicas`` (Corsetti, 1997, p.69). Segundo Nunes (1993), a mesma intencionalidade ordenadora presente no condicionamento higiênico, estava presente na confecção do desenho e dos trabalhos manuais. Estes eram utilizados para adestrar a habilidade manual e, paralelamente, as qualidades de previsão, disciplina e vontade.

Os temas representados pelas fotografias desse conjunto ganharam maior destaque no governo Simões Lopes, especialmente a partir dos primeiros meses de 1926. Foi nesse ano que se organizou a assistência médica escolar e que o Cópo de Leite, juntamente com as caixas escolares e o pelotão da saúde, começaram a ser aplicados nas instituições de ensino municipal em Pelotas. Isso explica a ausência dessas imagens nos Relatórios anteriores. A primeira preocupação do governo foi, realmente, a construção/adaptação de prédios escolares, o que perdurou durante todo o governo.

Além disso, ao se observar o conjunto de fotografias, nota-se que, mesmo que o escoteirismo estivesse presente em outras escolas, que o gabinete dentário fosse realmente ambulante, que o Cópo de Leite fosse distribuído em todas as escolas municipais e que todas tivessem aulas de trabalhos manuais, o Grupo Escolar Dr. Joaquim Assumpção era o espaço ideal para retratar as obras do governo Simões Lopes. Em sendo essa escola a principal obra construída do governo de Augusto Simões Lopes, podendo até ser considerada o símbolo de sua gestão, a inclusão das fotografias do seu arquivo nesta pesquisa é bastante necessária. A sua análise, portanto, pretende complementar e apresentar certas características do principal estabelecimento de ensino primário municipal daquela época. Embora o número de fotografias seja pequeno (deve-se ter em conta que o Grupo Escolar Dr. Joaquim Assumpção só foi inaugurado no final da gestão de Augusto Simões Lopes), as imagens nele incluídas representam comemorações freqüentemente mencionadas nos jornais da época, mas que não tiveram as suas representações presentes nem nesses periódicos, nem nos Relatórios Intendenciais, ou seja, essas fotografias retratam práticas extremamente difundidas durante a Primeira República, não só em Pelotas, mas em vários lugares do país. A sua presença pode auxiliar no esclarecimento de lacunas de alguns temas e na definição do caráter público/privado das comemorações realizadas nas escolas municipais.

 

Considerações finais

As imagens do cotidiano escolar produzidas no governo de Augusto Simões Lopes pretendiam passar-se por um quadro geral das escolas municipais, quando, na realidade, referiam-se ao Grupo Escolar Dr. Joaquim Assumpção. A criação desse conjunto fotográfico foi inovador em Pelotas, não tendo sido feito pelos intendentes municipais que antecederam Augusto Simões Lopes. A fotografia, antes, havia tido outro tipo de utilização, como mostrar melhoramentos urbanos (utilizandose de uma seqüência de antes e depois). Augusto Simões Lopes, ao contrário, viu na fotografia a possibilidade de mostrar o novo, tomando a educação, considerada a solução dos problemas nacionais, como o foco de seu governo.

Percebeu-se que o lugar que a fotografia ocupa não é inocente. De acordo com Leite (1993), as comparações entre elementos constituintes da imagem (tais como simetrias e assimetrias, ou determinados códigos) sugerem meios de discriminar entre o significativo, o acidental e o redundante nas mensagens. As ligações simbólicas estabelecidas e o estudo das seqüências rituais são índices preciosos para mapear e representar o conteúdo latente da fotografia histórica. Dessa forma, não se utilizou apenas o conteúdo da imagem para perceber a sua função social definida, mas outros elementos que cercavam o conjunto de fotografias produzidas por Simões Lopes, tais como os textos escritos e as legendas.

O grupo de fotografias analisado neste artigo está constituído por imagens bastante simétricas. A fotografia do grupo de escoteiros demonstra a ordem e a disciplina através de sua formação já bastante simétrica. O centro da fotografia situase na porta dos fundos do Grupo Escolar Dr. Joaquim Assumpção. Desse ponto, começam a aparecer fileiras que descem a escada, organizadas com base na altura dos meninos e na disposição do espaço em que a fotografia foi realizada. A primeira fileira (mais próxima à porta) foi formada pelos alunos mais altos ocupando as posições laterais, deixando o centro para os menores, formando um semicírculo. Já nas duas fileiras seguintes, os alunos mais altos ocupam uma posição central, percebendo-se a formação de um triângulo. Nas primeiras fileiras os meninos estão em pé, enquanto que nas últimas, agachados. E as fileiras constituídas por estes formam um segundo triângulo (poderia ser mais bem caracterizado como um trapézio porque os meninos foram dispostos em um sentido que a fileira de trás é menor que as duas seguintes, que foram se formando de maneira que a última, mais próxima do fotógrafo, fosse maior, mas de uma forma bastante organizada). Toda essa geometria pode ter sido, no entanto, uma coincidência, que ocorreu no momento da formação das fileiras. Porém, acredita-se que a sua observação sugere características bastante geométricas, que apontam o real significado do escotismo para a época, além de representar o lugar da disciplina nas escolas.

Além disso, algumas das fileiras alongam-se até as laterais, onde se encontram os bancos. Isso ocorre tanto do lado direito, quanto do esquerdo. A rígida simetria pode ser observada, inclusive, na forma como os instrumentos estão sendo segurados: os quatro meninos da frente, que ocupam uma posição central e frontal em relação ao grupo (parecendo ser menores que aqueles enfileirados em pé, atrás deles), seguram instrumentos musicais. Os dois do meio seguram os instrumentos de forma a apresentar na fotografia a sua parte lateral, enquanto que os outros dois meninos situados nas pontas, seguram-nos deixando vislumbrar a parte frontal dos mesmos. Assim, a simetria pode ser percebida pela disposição dos instrumentos circulares.

Na fotografia do gabinete dentário, por exemplo, percebe-se que tanto a dentista quanto a paciente não ocupam o lugar central da fotografia, mas que o intuito era apresentar o todo que formava o gabinete dentário, relegando a elas uma posição coadjuvante no lado direito da imagem. Na fotografia da distribuição do Cópo de Leite, no centro da fotografia, assim como da imagem do Grupo de Escoteiros Municipal, encontra-se a porta dos fundos do Grupo Escolar Dr. Joaquim Assumpção. Porém, em primeiro plano, a menina que recebe o copo de leite e a funcionária que o entrega aparecem como um recorte explicativo da situação que ali acontecia. Atrás, as fileiras organizadas, mesmo não apresentando a rigidez do grupo de escoteiros, demonstram uma divisão de gênero, demonstrada não só pelas diferenças do uniforme, mas evidenciada pela disposição dos alunos: os meninos encontram-se de um lado e as meninas do outro. Pode-se traçar, também, uma diagonal entre a professora, ao lado das meninas, e a funcionária, o que evidencia a diferenciação entre os dois tipos de trabalho. Pode-se perceber que se delineava uma hierarquia e uma diferença de status entre a profissão docente e uma simples servente, acrescida, até, de uma questão racial.

Já na fotografia de uma aula de trabalhos manuais, ainda que a sala de aula e as alunas estejam em uma posição oblíqua em relação ao fotógrafo, pode-se perceber que, ao centro da imagem, encontra-se a professora, ocasionando uma simetria triangular, que lembra muito determinadas pinturas Renascentistas, em que a Madonna, ao centro, segurava João Batista e seu filho Jesus. A professora foi retratada, então, ressaltando-se o seu caráter de maternidade e as relações de gênero presentes em uma aula de trabalhos manuais, que, no caso de Pelotas, eram essencialmente femininas, não existindo um correspondente masculino. Além disso, ressaltaram-se, também, as questões de disciplina e hierarquia, pois as meninas de cabeça baixa, trabalhando, são supervisionadas por aquela que está em uma posição acima de todas elas: a professora. Mesmo que se trace uma diagonal (quase uma reta) entre a aluna que ocupa o primeiro plano e a professora que ocupa a posição central, ainda assim, percebe-se que determinados signos constituintes da imagem demonstram a relação hierárquica presente na sala de aula.

Tal conjunto de imagens possibilitou a percepção do papel da fotografia como forma de propaganda governista. A propaganda foi a característica mais marcante do governo Simões Lopes, especialmente aquela baseada nas imagens, que ajudaram a afirmar o intendente como o benemérito da educação em Pelotas. Além disso, o presente grupo de imagens permite perceber como as formas de assistência ao aluno e as práticas escolares vigentes na década de 1920 ocorriam na cidade de Pelotas.

 

Referências bibliográficas

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Ciavatta, M. (2002). O mundo do trabalho em imagens: a fotografia como fonte histórica (Rio de Janeiro, 1900- 1930). Rio e Janeiro: DP&A.

Corsetti, B. (1997). O poder em migalhas - a escola no Rio Grande do Sul na Primeira República. Tese de Doutorado, Programa de Pós-graduação em Educação, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria.

Leite, M. M. (1993). Retratos de Família. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo.

Nunes, C. (1993). A Escola redescobre a Cidade (Reinterpretação da modernidade pedagógica no espaço urbano carioca/1910-1935). Niterói: ESSE/UFF.

Pesavento, S. J. (2003). História e História Cultural. Belo Horizonte: Autêntica.

Soares, P. R. R. (2000). La Difusión Del Higienismo En Brasil Y El Saneamiento De Pelotas (1880-1930). Scripta Nova. Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales. 69 (38). Retirado em 04/03/2009, de http://www.ub.es/geocrit/sn-69-38.htm.        [ Links ]