SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.22 número1Cultura Organizacional e Empresas Familiares da Marinha Grande - Estudo de CasoDefinições sexuais de estudantes universitários índice de autoresíndice de assuntosPesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Psicologia

versão impressa ISSN 0874-2049

Psicologia v.22 n.1 Lisboa  2008

 

Gestão de Recursos Humanos em PME’s de elevada tecnologia

Ana Veloso1

José Keating2

 

Resumo:

Com base nos resultados de três estudos de caso conduzidos em PME do sector das novas tecnologias, procura-se contribuir para a clarificação do(s) processo(s) pelo(s) quais a GRH tem impacto numa organização. Os três estudos de caso tiveram como objectivos: Caracterizar a gestão de recursos humanos e identificar as práticas utilizadas na organização; Perceber os indicadores utilizados na tomada de decisão para a adopção de novas práticas; Explorar a percepção de impacto da gestão de recursos humanos e/ou das práticas no desenvolvimento organizacional, quer pelos decisores, quer pelos colaboradores da organização, alvos dessa mesma GRH. Verificámos que o processo de implementação das práticas de GRH em A e C é incremental e resultante de processos informais de benchmarking, enquanto que em B foi desenhado um pacote de práticas, importadas de multinacionais, que constituiu, desde a fundação da organização, o seu reportório base e formal. A percepção dos colaboradores e dos decisores da importância da GRH para a performance da empresa é diferenciada nas três organizações: em A, atribui-se à GRH um valor instrumental de criação de valor muito claro e as perspectivas de colaboradores e dirigentes são consonantes; em B, a percepção do valor é diferenciada: para os dirigentes, a GRH é uma forma de motivação dos colaboradores garantindo maior eficiência, mas também uma forma de controlo formal; para os colaboradores, uma função essencialmente administrativa. Em C, a função, numa fase de menor amadurecimento, é percepcionada como uma função essencialmente administrativa, mas reconhece-se, quer pelos colaboradores, quer pelos decisores, um potencial essencial ao desenvolvimento futuro da organização. Identificaram-se como factores condicionantes do impacto das práticas de GRH, a nível externo, o mercado (clientes e concorrentes) e, a nível interno, a organização do trabalho e coerência interna do sistema GRH, em termos da harmonização das práticas entre si e com a estratégia da organização. Os dados resultantes da comparação entre casos evidenciaram alguns aspectos relevantes e inesperados para esta investigação. A natureza da função, GRH é caracterizada como uma função com uma forte componente negocial e de gestão de conflitos. A percepção da utilidade altera-se em função do grau de especialização da função GRH: é maior em A e C, menor em B. Estes resultados sugerem que práticas de GRH formais podem produzir diferentes resultados em termos sociais e que o envolvimento, a compreensão e aceitação das práticas podem ser um prócêsso desenvolvimental. Por outro lado, para a percepção da utilidade da função comtribui, para além destes aspectos, o grau da sua especialização e a coerência do sistema interno de GRH com a estratégia da organização.

Palavras-chave: gestão de recursos humanos, performance organizacional, estudos caso.

 

 

Human resource management in high technology sme’s

Abstract:

The authors examine Human Resource Management (HRM) practices using data from three case studies of high technology entrepreneurial sme’s in Portugal and the implementation process and impact on organizational performance that these practices have. The objectives of the study were to: (1) Describe HRM and identify HRM practices used in the organization; (2) Understand how decisions were made concerning adoption of new HRM practices and; (3) Explore the perception of the primary decisions makers and employees with the organization and their acceptance of HRM systems and practices. We verify that development of HRM practices were incrementally implemented as problems arose in A, whereas in B they were implemented in a complete set from the beginning. General agreement throughout the organization of the importance of the HRM function. Recognition of the HRM impact on organizational performance are explained differently in each organization: In organization A, HRM function adds value to organization through customers’ perceptions of employees' satisfaction; In organization B, HRM motivates workers, which is an expected outcome of HRM practices, and should increase organizational efficiency (i.e. “better work in fewer hours”). In organization C, on a different stage of maturity, HRM function is mainly an administrative function but employees and main decisors recognise HRM potential value, by, for future organization development. The factors who in some way limit the HRM practices impact are, at external level, the market (clients and competitors) and at internal level, work organization and the internal coherence of HRM systems, specially the internal harmonization of the practices and with the organizational strategy The data produced with case studies comparison are unexpected and relevant. The HRM nature is characterized as a function of strong negotiable component and as a management of conflicts. The perception of utility changed in function of the specialization degree of the HRM function: higher on organizations A and C, lower at organization B. These results suggest that: Formal HRM practices (i.e. those which are “prescribed” and “official”) that are similar across organizations can yield different social results. Trust-building practices are an important element in the process through which HRM impacts organizational performance. HRM has to implement a developmental process through which workers can understand and accept HRM practices to have a sustained impact on organizational performance.

Keywords: human resources management, organizational performance, case studies.

 

 

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text only available in PDF format.

 

 

Referências

Bamberger, P., Bacharach, S. & Dyer, L. (1989). Human resources management and organizational effectiveness: high technological entrepreneurial startup firms in Israel. Human Resources Management, 28, 349-366.         [ Links ]

Becker, B., & Gerhart, B. (1996). The impact of human resource management on organisational performance: progress and prospects. Academy of Management Journal, 39, 779-793.

Becker, B. E., & Huselid, M. A. (1999). Overview: strategic human resource management in five leading firms. Human Resource Management, 38, 287-301.

Bélanger, J. (2000). The influence of employee involvement on productivity: a review of research. Applied Research Branch Strategic Policy Human Resources Development. Canada, http://www.hrdc-drhc.gc.ca/arb.

Cardon, M. S., & Stevens, C. E. (2004). Managing human resources in small organizations: What we know? Human Resource Management Review, 14, 295-323.

Cassell, C., Nadin, S., Gray, M., & Clegg, C. (2002). Exploring human resource management practices in small and medium sized enterprises. Personnel Review, 31, 671-692.

Collins, C., Smith, K. G., & Stevens, C. K. (2002). Human resource practices, knowledge-creation capability and performance in high technology firms.

CAHRS – Center for advanced human resource studies, Working paper series 01-02, pp. 1-36, http://www.ilr.cornell.edu/cahrs.

Delaney, J. T., & Huselid, M. A. (1996). The impact of human resource management practices on perceptions of organisational performance. Academy of Management Journal, 39, 949-970.

Delery, J. E., & Doty, D. H. (1996). Modes of theorising in strategic human resource management: tests of universalistic, contingency, and configurational performance predictions. Academy of Management Journal, 39, 802-825.

Ferris, G. R., Arthur, M. M., Berkson, H. M., Kaplan, D. M., Harrell-Cook, G., & Frink, D. D. (1998). Toward social context theory of the human resource management – organization effectiveness relationship. Human Resources Management Review, 8, 235-255.

Guest, D. E. (1987). Human resource management and industrial relations. Journal of Management Studies, 24, 503-521.

Guest, D. E. (1999). Human resource management – the workers verdict. Human Resource Management Journal, 9, 5-25.

Guest, D. E. (2001). Human resource management: when research confronts theory. International Journal of Human Resource Management, 12, 1092-1106.

Godard, J., & Delaney, J. T. (2000). Reflections on the high performance paradigm’s implications for industrial relations as a field. Industrial & Labor Relations Review, 53, 482, 21.

Heneman, R. L., Tansky, J. W. & Camp, S. M. (2000). Human resource management practices in small and medium-sized enterprises: unanswered questions and future research perspectives. Entrepreneurship, Theory and Practice, 11-26.

Huselid, M. A (1995). The impact of human resource management practices on turnover, productivity, and corporate financial performance. Academy of Management Journal, 38, 635-672.

Keating, J., Silva, I. S., & Almeida, H. L. (1999). Gestão de recursos humanos em pequenas e médias empresas. Estudo de um caso. Psicologia, 13, 237-255.

King, N. (1998). Template analysis. G. Symon & C. Cassell (Eds.) Qualitative methods and analysis in organizational research: a practical guide (pp. 118-134). London: Sage.

Kotey, B., & Slade, P. (2005). Formal human resource management practices in small growing firms. Journal of Small Business Management, 43, 16-40.

Legge, K. (1995). Human resource management. Rhetorics and realities. England: MacMillan Business.

MacDuffie, J. P. (1995). Human resource bundles and manufacturing performance: organizational logic and flexible production systems in the world auto industry. Industrial & Labor Relations Review, 48, 197-227.

Marchington, M., & Grugulis, I. (2000). "Best practice" human resource management: perfect opportunity or dangerous illusion? The International Journal of Human Resource Management, 11, 1104-1124.

Pfeffer, J. (1994). Competitive advantage through people. Boston, MA: Harvard Business School Press.

Richard, O. C., & Johnson, N. B. (2001). Understanding the impact of human resource diversity practices on firm perform. Journal of Managerial Issues, 13, 177-195.

Rowden, R. W. (1995). The role of human resource development in the successful small to mid-sized manufacturing businesses: a comparative case study. Human Resource Development Quarterly, vol. 6 (4), winter, pp. 355-373.

Yin, R. K. (1994). Case study. Research, design and methods. London: Sage.

Youndt, M. A. (1996). Human resource management, manufacturing strategy, and firm performance. Academy of Management Journal, 39, 836-867.

Wall, T. D., & Wood, S. J. (2005). The romance of human resource management and business performance, and the case for big science. Human Relations, 58, 429-462

Wood, S. J. (1999). Human resource management and performance. International Journal of Management Reviews, 1, 367, 472.

Wright, P., & Gardner, T. M. (2000). Theoretical and empirical challenges in studying: the HR practice-firm performance relationship. CAHRS_ Center for advanced human resource studies. Working paper series 00-04, http://www.ilr.cornell.edu/cahrs.

 

1 Departamento de Psicologia, Universidade do Minho, Braga.

2 Departamento de Psicologia, Universidade do Minho, Braga.