SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.15 número1Polícia, segurança e crime em Portugal: ambiguidades e paixões recentesPor onde anda o sentimento de insegurança? Problematizações sociais e científicas do medo à cidade índice de autoresíndice de assuntosPesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Etnográfica

versão impressa ISSN 0873-6561

Etnográfica v.15 n.1 Lisboa fev. 2011

 

Construtores da bio(in)segurança na base de dados de perfis de ADN

 

Helena Machado *

* Departamento de Sociologia da Universidade do Minho; Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Portugal; hmachado@ics.uminho.pt.

 

RESUMO

O presente texto analisa discursos de peritos e de políticos produzidos acerca da criação de uma base de dados de perfis de ADN em Portugal para identificação civil e investigação criminal, com o intuito de explorar alguns patamares de construção da biossegurança. Constata-se que três tipos principais de argumentação são utilizados: a ciência como suporte de uma justiça simultaneamente mais eficaz e mais credível; a necessidade de acompanhar o percurso de países mais desenvolvidos em matéria de investigação criminal e de cooperação transfronteiriça; o contributo para o bem comum. Trata-se de um projeto técnico-genético e biopolítico crescentemente global e imbricado em imaginários coletivos assentes no medo do crime e do criminoso, que assenta mais em promessas de utilidade imaginada e de eficácia na identificação de criminosos do que na invocação dos riscos e das incertezas.

Palavras-chave: bases de dados, perfis de ADN, biossegurança, riscos.

 

Constructors of bio(in)security in the DNA profiles database

ABSTRACT

This paper analyses the discourses produced by experts and politicians about the creation of a DNA database for civil identification and criminal investigation purposes in Portugal, aiming to explore some stances in the construction of biosecurity. Three main types of arguments are found: science as the support of a simultaneously more effective and reliable justice; the need to follow the course of more developed countries in terms of criminal investigation and trans-border cooperation; the contribution towards the common good. This concerns an increasingly global technical-genetic and biopolitical project, merged within collective imageries built upon on fears of crime and criminals, which is more grounded on promises of imagined utility and efficacy in the identification of offenders than on the invocation of the risks and uncertainties.

Keywords: databases, DNA profiles, biosecurity, risks.

 

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text only available in PDF format.

 

Bibliografia

AAS, Katja, 2006, “‘The body does not lie’: identity, risk and trust in technoculture”, Crime, Media, Culture, 2 (2): 143-158.

BOURDIEU, Pierre, 1989, O Poder Simbólico. Lisboa, Difel.

—, 1998, Meditações Pascalianas. Oeiras, Celta Editora.

CABINET OFFICE, 1999, Modernising Government: White Paper, março, disponível em <http://www.archive.official-documents.co.uk/document/cm43/4310/4310-02.htm> (acesso em 17/06/2008).

COSTA, Alberto, 2007, discurso de apresentação da proposta de lei de criação de uma base de dados de perfis de ADN, 1 de junho, disponível em <http://www.mj.gov.pt/sections/informacao-e-eventos/arquivo/2-trimestre-de-2007/proposta-de-lei-que/> (acesso em 17/06/2008).

COSTA, Susana, 2003, A Justiça em Laboratório – A Identificação por Perfis Genéticos de ADN: entre a Harmonização Transnacional e a Apropriação Local. Coimbra, Almedina.

DURÃO, Susana, 2008, “A rua dos polícias: visão itinerante”, em Graça Índias Cordeiro e Frédéric Vidal (orgs.), O Lugar da Rua. Lisboa, Livros Horizonte, 79-96.

DURKHEIM, Émile, 1984 [1893], Da Divisão do Trabalho Social, vol. I. Lisboa, Presença.

GAMERO, Joaquín Jose et al., 2004, “DNA technology application procedures in forensic practice: social and ethical conditioning II”, International Congress Series, 1261: 571-573.

GARCÍA-SANCHO, Miguel, 2006, “The rise and fall of the idea of genetic information”, Genomics, Society and Policy, 2 (3): 16-36.

GARLAND, David, 2001, The Culture of Crime Control. Oxford, Oxford University Press.

GONÇALVES, Maria Eduarda, 1991, “Ciência e direito: de um paradigma a outro”, Revista Crítica de Ciências Sociais, 31: 89-113.        [ Links ]

GOTTWEIS, Herbert, 2005, “Governing genomics in the 21st century: between risk and uncertainty“, New Genetics and Society, 24 (2): 175-193.

GUIBENTIF, Pierre, 2006, Teorias Sociológicas Comparadas e Aplicadas: Bourdieu, Foucault, Habermas e Luhmann Face ao Direito, lição de síntese apresentada no âmbito de provas de agregação. Lisboa, ISCTE.

JASANOFF, Sheila, 2005, Designs on Nature: Science and Democracy in Europe and the United States. Princeton, Princeton University Press.

—, 2006, “Just evidence: the limits of science in the legal process”, Journal of Law, Medicine & Ethics, 34 (2): 328-341.

JONES, Mavis, e Brian SALTER, 2003, “The governance of human genetics: policy discourse and constructions of public trust”, New Genetics and Society, 22 (1): 21-41.

LENTZOS, Filippa, 2006, “Rationality, risk and response: a research agenda for biosecurity”, BioSocieties, 1 (4): 453-464.

LYON, David, 2001, Surveillance Society: Monitoring Everyday Life. Buckingham, Open University Press.

MACHADO, Helena, e Susana SILVA, 2008, “A Portuguese perspective: commentary on the Nuffield Council on Bioethics report ‘The forensic use of bioinformation: ethical issues’”, BioSocieties, 3 (1): 99-101.

McCARTNEY, Carole, 2006, Forensic Identification and Criminal Justice: Forensic Science, Justice and Risk. Cullompton, Willan.

NCB, 2007, The Forensic Use of Bioinformation: Ethical Issues, Nuffield Council on Bioethics, disponível em <http://www.nuffieldbioethics.org/ fileLibrary/pdf/The_forensic_use_of_bioinformation-ethical_issues.pdf> (acesso em 17 / 06 / 2008).

NELKIN, Dorothy, e Susan LINDEE, 1996, The DNA Mystique: The Gene as a Cultural Icon. Nova Iorque, W. H. Freeman.

NUNES, João Arriscado, 2007, Governação, Conhecimentos e Participação Pública, relatório apresentado para provas públicas de agregação em Sociologia à Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.

OWEN, Tim, 2007, “Culture of crime control: through a post-foucauldian lens”, Internet Journal of Criminology, disponível em <http://www.internetjournalofcriminology.com/ijcarticles.html> (acesso em 19 / 06 / 2008).

PÁLSSON, Gísli, 2007, Anthropology and the New Genetics.Cambridge e Nova Iorque, Cambridge University Press.

PLOEG, Irma Van der, 2002, “Biometrics and the body as information: normative issues of the socio-technical coding of the body”, em David Lyon (org.), Surveillance as Social Sorting: Privacy, Risk, and Digital Discrimination. Londres e Nova Iorque, Routledge, 57-73.

PRAINSACK, Barbara, 2007, “Research populations: biobanks in Israel”, New Genetics and Society, 26 (1): 85-103.

ROSE, Nikolas, e Carlos NOVAS, 2005, “Biological citizenship”, em Aihwa Ong e Stephen Collier (orgs.), Global Assemblages: Technology, Politics and Ethics as Anthropological Problems. Oxford, Blackwell Publishing, 439-463.

SILVA, Susana, 2008, “Consentir incertezas: o consentimento informado e a (des)regulação das tecnologias de reprodução assistida”, Cadernos de Saúde Pública, 24 (3): 525-534.

TEUBNER, Gunther, 1993, O Direito como Sistema Autopoiético. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian.

WILLIAMS, Garrath, e Doris SCHROEDER, 2004, “Human genetic banking: altruism, benefit and consent”, New Genetics and Society, 23 (1): 89-103.

WILLIAMS, Robin, e Paul JOHNSON, 2004a, “Wonderment and dread: representations of DNA in ethical disputes about forensic DNA databases”, New Genetics and Society, 23 (2): 205-223.

—, 2004b, “Circuits of surveillance”, Surveillance and Society, 2 (1): 1-14.

WILLIAMS, Robin, Paul JOHNSON, e Paul MARTIN, 2004, Genetic Information and Crime Investigation, disponível em <http://www.dur.ac.uk/ resources/sass/sociology/GeneticInformation&CrimeInvestigation.pdf> (acesso em 17 / 06 / 2008).

Creative Commons License Todo o conteúdo deste periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons